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Funções cerebrais ativadas no aprendizado de música

Aprender música é muito mais do que adquirir uma habilidade artística. Quando uma pessoa toca um instrumento, canta ou estuda teoria musical, uma verdadeira “sinfonia neural” acontece no cérebro. Diversos sistemas e regiões cerebrais são ativados de forma integrada, promovendo benefícios que vão muito além da música em si. Isso ocorre em diferentes estilos musicais, do clássico ao popular, mostrando como a prática musical é uma ferramenta universal de desenvolvimento cognitivo e emocional.

De acordo com Daniel Levitin, neurocientista e autor de A Música no Seu Cérebro, o aprendizado musical ativa simultaneamente as áreas motoras, sensoriais e auditivas do cérebro, além de regiões associadas à memória e às emoções (LEVITIN, 2006). Ao tocar um instrumento, por exemplo, o córtex motor é intensamente estimulado, coordenando os movimentos precisos necessários para executar as notas.

A neurociência também comprova que a música envolve o sistema límbico, responsável pelas emoções. Isso explica por que tocar uma peça clássica, improvisar em um solo de jazz ou até compor um samba pode evocar sentimentos profundos e fortalecer conexões emocionais. Um estudo da Universidade de McGill, no Canadá, demonstrou que ouvir ou tocar música estimula a produção de dopamina, um neurotransmissor ligado ao prazer e à motivação (ZATORRE; SALIMPOOR, 2013).

Além disso, a música ativa intensamente o hipocampo, região fundamental para a memória. Isso é particularmente importante no aprendizado de música clássica, que muitas vezes exige a memorização de peças complexas, mas também é observado em estilos populares, como o rap, em que letras elaboradas demandam grande capacidade de retenção. Pesquisas indicam que músicos apresentam hipocampos mais desenvolvidos e maior capacidade de memória em comparação com não músicos (ALTOE et al., 2019).

Outra área cerebral que ganha destaque no aprendizado musical é o corpo caloso, estrutura que conecta os hemisférios direito e esquerdo do cérebro. Estudos mostram que músicos que praticam regularmente, independentemente do gênero musical, possuem corpos calosos mais espessos, favorecendo a comunicação entre as regiões responsáveis pelo raciocínio lógico e pela criatividade (SCHLAUG et al., 1995). Isso é evidente em estilos como o rock progressivo ou o jazz, que exigem tanto precisão técnica quanto improvisação.

Na educação infantil, os benefícios do aprendizado musical são ainda mais notáveis. O método Suzuki, por exemplo, incentiva o aprendizado musical desde cedo, promovendo o desenvolvimento de habilidades cognitivas como a atenção, a percepção auditiva e a coordenação motora. Segundo Shinichi Suzuki, criador do método, “a música educa não apenas o ouvido, mas também o coração e a mente” (SUZUKI, 1983).

Independentemente do estilo musical, aprender música também melhora a capacidade de resolver problemas e tomar decisões. Pesquisadores da Universidade de Vermont descobriram que crianças que tocam instrumentos apresentam maior atividade no córtex pré-frontal, região associada ao planejamento e ao controle inibitório (HUDZIAC et al., 2014). Essa habilidade é especialmente valiosa em estilos que demandam criatividade e adaptação, como o jazz e o blues.

Assim, ao aprender música, não apenas ouvimos melodias ou dominamos técnicas: transformamos nosso cérebro de forma profunda e duradoura. Seja ao praticar uma sonata de Beethoven, improvisar um solo de guitarra ou compor uma batida eletrônica, estamos fortalecendo nossas funções cognitivas, emocionais e motoras. A música é, sem dúvida, um dos exercícios mais completos para o cérebro humano.

Referências

ALTOE, M. et al. “The Role of the Hippocampus in Musical Memory: A Review.” Frontiers in Neuroscience, v. 13, p. 758, 2019.

HUDZIAC, D. et al. “The Impact of Musical Training on the Child Brain.” Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, v. 53, n. 11, p. 1158-1166, 2014.

LEVITIN, D. A Música no Seu Cérebro: A Ciência de uma Obsessão Humana. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

SCHLAUG, G. et al. “Increased Corpus Callosum Size in Musicians.” Brain Research, v. 545, n. 1-2, p. 190-195, 1995.

SUZUKI, S. Educação é Amor: Filosofia do Método Suzuki. São Paulo: Editora Suzuki, 1983.

ZATORRE, R.; SALIMPOOR, V. “The Neuroscience of Music and Reward.” Science, v. 340, n. 6136, p. 1234-1237, 2013.

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