Há quem diga que o cantinho do pensamento é uma maneira saudável de estimular a reflexão e o senso de responsabilidade, mas será mesmo que isso é verdade?
Já adiantamos que não: apesar de ser uma antiga conhecida dos pais e professores, a maioria dos especialistas em educação infantil já destacam que a estratégia pode ter um resultado muito distante do que se espera, principalmente quando afeta o desenvolvimento e a saúde mental da criança.
E se você é um dos adeptos desse cantinho do pensamento, vamos apresentar agora os principais motivos para abrir mão dessa prática, tendo em vista que outras estratégias podem ser muito mais saudáveis e eficientes.
4 razões para desistir do cantinho do pensamento
Antes de adentrar nos motivos que tornam o cantinho do pensamento desaconselhável, vale voltar um passo e definir o que faz essa medida parecer eficiente nos momentos em que a criança age de forma agressiva, desrespeitosa ou pouco colaborativa.
Afinal, além de evitar que os pais tenham de se desgastar depois que parece não haver mais solução, o ato de isolar a criança em um local cria a ilusão de que ela não terá alternativa senão repensar o seu comportamento e passar a agir de maneira adequada.
Entretanto, a medida vem sendo cada vez mais questionada por especialistas em pedagogia e psicologia infantil, tendo em vista que, na prática, o cantinho do pensamento funciona de uma maneira bem diferente do que imaginamos:
- A criança não vai refletir sobre o que fez no cantinho do pensamento – ou pelo menos não da forma que se espera!
Ao contrário do que diz o senso comum, o cantinho do silêncio é encarado pela criança como uma medida punitiva, gerando um sentimento de irritabilidade e injustiça que inibe a capacidade de racionalização.
Além disso, vale destacar que os estágios iniciais de desenvolvimento do córtex frontal infantil tornam a essa reflexão ainda mais impraticável quando estimulada de maneira compulsória.
- Não, o cantinho do pensamento não ajuda a acalmar a criança
Como toda medida de caráter compulsório, o cantinho de pensamento tende a incitar nos pequenos a emoção de revolta, dificultando ainda mais o reconhecimento dos erros que cometeu.
Isso fica claro a partir de pensamentos como “eu vou me vingar por ter de ficar aqui sozinho sem nada para fazer”, “meus pais não gostam de mim” ou “preciso encontrar uma forma de não ser pego na próxima vez”.
Como se isso não bastasse, o fato de essa decisão ser tomada pelos pais no calor da emoção mostra insegurança e incapacidade para lidar com a irritabilidade infantil, o que estimula a criança a intensificar as birras e iniciar uma “disputa de poder”.
- O cantinho do pensamento pode comprometer o desenvolvimento saudável da criança
Muitas vezes, o mal comportamento vem com o objetivo de chamar a atenção e suprir uma carência de afeto, o que torna o cantinho do pensamento ainda mais prejudicial nesses casos.
Isso sem falar que o sofrimento é enfrentado de forma isolada, passando ao pequeno a mensagem de que ele não merece afeto e deve se isolar sempre que tiver que enfrentar os problemas: a longo prazo, esse tipo de pensamento pode trazer sérios prejuízos para a vida adulta!
- Existem alternativas mais eficazes que o cantinho do silêncio
Em vez do cantinho do silêncio, a recomendação fica por conta de um “cantinho do descanso”, onde a criança pode se sentar em um local confortável na companhia dos seus melhores brinquedos para se acalmar nos momentos de maior irritabilidade.
Sendo assim, convidar a criança para esse cantinho pode ser uma excelente maneira de sanar os momentos de conflito: experimente convidar a criança para um momento de acolhimento e diálogo, e você estimulará muito mais reflexão!
Para concluir, fica claro a quão ilusória é a crença de que o cantinho do pensamento tem mais benefícios que malefícios, tendo em vista a importância de lidar com o mal comportamento e educar a criança sem precisar recorrer a medidas drásticas.
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